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Tensões cinzas


Ao longo da minha história como consultor e executivo em empresas multinacionais, tive a chance de ver muita coisa e entender um pouco das complexidades das relações entre heads e agentes.


Nesse contexto, existe o que chamamos de Agency Theory, que é um conceito central nos estudos de administração e finanças, que oferece uma perspectiva interessante para entender essas relações, evidenciando os desafios e conflitos que surgem quando um agente é incumbido de agir no interesse de um head (principal).


Ao longo do tempo, vi claramente como os executivos (agentes) e os acionistas (principais) podem ter seus interesses desalinhados. Vi, de cadeira cativa, as nuances dessas relações, o jeito cinza de tratar assuntos que deveriam ser brancos ou pretos, onde muitos executivos podem tomar decisões visando benefícios pessoais em detrimento dos interesses dos acionistas e da empresa. Essa dinâmica não é exclusiva das grandes corporações; nas empresas menores, os desafios da teoria da agência são igualmente perceptíveis, porém com algumas peculiaridades diferentes.


Nas pequenas e médias empresas, a linha entre os executivos e os sócios muitas vezes se mistura, pois em muitos casos, eles são a mesma pessoa. Essa sobreposição de papéis pode levar a um alinhamento confuso de responsabilidades, onde as decisões empresariais são influenciadas tanto pela visão do executivo quanto pelo interesse do sócio. Esta dualidade pode complicar o alinhamento de objetivos e obscurecer a clareza nas tomadas de decisão, criando um terreno fértil para conflitos de interesse e decisões que podem não ser no melhor interesse da empresa como um todo.


Ao enfrentar esses desafios em empresas de diferentes tamanhos, percebi que o que colabora para resolver essa questão é a transparência. Sabemos que promover uma comunicação aberta e honesta entre todas as partes envolvidas é essencial. Mas será que isso ocorre de verdade na maioria dos ambientes profissionais?


Nas grandes corporações, a implementação de políticas claras e mecanismos de incentivo que alinham os interesses dos executivos com os dos acionistas, sem dúvida ajuda a minimizar os conflitos. Já em empresas menores, estabelecer limites claros e responsabilidades definidas entre as funções de sócio e executivo é crucial para evitar a mistura de decisões pessoais com as empresariais. Mas nem sempre os sócios/executivos estão preparados para ter essa conversa.


Outra estratégia que acho bem eficaz é a implementação de sistemas de governança corporativa robustos, mesmo em pequenas empresas, para assegurar que haja uma supervisão adequada das decisões tomadas. A definição de metas claras, acompanhadas de um sistema de recompensas e penalidades, pode incentivar comportamentos alinhados com os melhores interesses da empresa. E sabendo realizar esse alinhamento, não se tem grandes custos e o resultado é uma empresa mais qualificada em seus processos, com gestores e executivos mais alinhados e uma governança que só colabora para deixar a empresa mais valiosa e mais reconhecida.


Não desmereça esse assunto! Não ache que isso não é para você, ou que é algo que não se aplica à sua empresa. Esse pensamento pode ser a razão de muita coisa boa não estar acontecendo no seu ambiente de trabalho. Se precisar, peça ajuda!

Artigo também publicado no LinkedIn.

Rucelmar Reis

Rucelmar Reis C-Level | Board Member | Advisor | Mentor Sócio Fundador da AdvisorTips Essa publicação faz parte do website Advisor.Tips e é protegida por direitos autorais.

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