top of page

Sua empresa pode ter Finalidade, mas não ter um Destino definido.

  • Foto do escritor: Rucelmar Reis
    Rucelmar Reis
  • 17 de set.
  • 4 min de leitura
ree

Todo empresário sabe exatamente qual é a finalidade da sua empresa: vender produtos, prestar serviços, resolver problemas, gerar lucro. É isso que move o dia a dia, consome energia e define prioridades. Mas aqui está a pergunta que poucos fazem: qual é o destino da sua empresa?


A diferença é simples, mas crucial.


Finalidade é o que você faz hoje. Destino é para onde sua empresa vai amanhã.

O Problema: Vivemos Obcecados pela Finalidade

É compreensível. A finalidade é urgente, tangível, mensurável. Vendas do mês, fluxo de caixa, satisfação do cliente, produtividade da equipe. São métricas que batem na porta todos os dias exigindo atenção.


O destino, por outro lado, parece abstrato. "Vou pensar nisso quando a empresa estiver maior", "quando eu me aposentar", "quando surgir uma oportunidade". O problema é que destino não é opcional — toda empresa terá um, planejado ou não.


Os dados são implacáveis. Das empresas que nasceram em 2017, apenas 37,9% ainda estavam ativas em 2022. A curva de mortalidade é consistente e previsível: a cada ano, mais empresas desaparecem [2].


Os Três Destinos Inevitáveis (Não existem outros)

Toda empresa, sem exceção, terá um destes três destinos:


1. Fusão ou Aquisição (M&A): A Colheita Estratégica

Para empresas bem estruturadas, M&A é a oportunidade de transformar anos de trabalho em valor real. O mercado brasileiro está aquecido — 2025 registrou crescimento de 14,6% nas transações, com projeção de 1.400 operações no ano [3].


Mas M&A não é loteria. Empresas que conseguem boas avaliações têm algo em comum: governança organizada, processos documentados e visão de longo prazo. Quem vive apenas na finalidade, sem pensar no destino, chega na mesa de negociação desorganizado e perde valor.


2. Sucessão: A Arte de Perpetuar o Legado

Sucessão é o sonho de muitos fundadores, especialmente em empresas familiares — que representam 90% das empresas brasileiras e 65% do PIB nacional [4]. Mas a realidade é dura: apenas 30% das empresas familiares sobrevivem à transição para a segunda geração, e somente 12% chegam à terceira [5].


O principal motivo? Falta de planejamento. Apenas 25% das empresas familiares no Brasil têm um plano de sucessão formal [5]. O resto vive na ilusão de que "quando chegar a hora, a gente resolve".


3. Encerramento: Quando o Destino é Decidido pelas Circunstâncias

Aqui está a correção importante: nem todo fechamento é falência. Empresas podem ser encerradas por diversos motivos legítimos — mudança de estratégia, saída de sócios, pivotagem para novos negócios, ou simplesmente porque o fundador decidiu seguir outro caminho.


O problema não é o encerramento em si, mas quando ele acontece por falta de planejamento. Quando a empresa fecha porque "não deu certo", porque os recursos acabaram, porque os sócios brigaram, ou porque ninguém pensou no que fazer quando o fundador não pudesse mais tocar o negócio.


Por Que Ignorar o Destino Custa Caro

A falta de planejamento do destino gera consequências que vão muito além do fechamento:


Desvalorização do Negócio: Uma empresa sem governança clara e processos organizados vale menos para compradores e investidores.


Conflitos Desnecessários: Sem um plano claro, disputas entre sócios e herdeiros paralisam a operação.


Perda de Conhecimento: A saída abrupta de um fundador leva embora capital intelectual e relacionamentos estratégicos.


Oportunidades Perdidas: Empresas que não se preparam perdem janelas de M&A ou sucessão em momentos favoráveis.


"A saída de um profissional experiente pode levar à perda de conhecimento e expertise valiosos para a empresa. A falta de um plano de sucessão pode desvalorizar a empresa, tornando-a menos atraente para potenciais compradores ou investidores." - Edson Santana, Edson Santana Advogados [4].


A Solução: Planeje o Destino Desde o Início

Destino não é algo para se pensar no final — é estratégia desde o primeiro dia.


Empresários que pensam no destino desde cedo tomam decisões diferentes. Investem em governança, documentam processos, desenvolvem equipes, estruturam a empresa para ser atrativa — seja para compradores, sucessores ou para uma saída organizada.


Cinco Ações Práticas:


Defina seu destino preferido: M&A, sucessão ou saída planejada? Não precisa ser definitivo, mas precisa ser consciente.


Invista em governança: Processos claros, documentação organizada, separação entre pessoa física e jurídica.


Desenvolva pessoas: Prepare sucessores, seja na família ou na equipe. Isso aumenta o valor da empresa em qualquer cenário.


Conheça seu valor: Faça avaliações periódicas (valuation) para entender o que sua empresa vale hoje e o que pode valer amanhã.


Busque orientação especializada: Consultores em M&A, sucessão e governança não são luxo — são investimento estratégico.


A Escolha é Sua

A diferença entre empresários que constroem legados e aqueles que viram estatística está na coragem de encarar uma verdade simples: toda empresa terá um destino. A única questão é se você vai escolhê-lo ou se ele será escolhido pelas circunstâncias.


Finalidade mantém sua empresa viva hoje. Destino garante que ela tenha valor amanhã.


A pergunta não é se sua empresa terá um destino. A pergunta é: quem vai decidir qual será? Você, ou o acaso?




Rucelmar Reis

C-Level | Board Member | Advisor | Mentor

Sócio Fundador da AdvisorTips

Essa publicação faz parte do website Advisor.Tips e é protegida por direitos autorais.



Referências

[1] Exame. (2024, 5 de dezembro). 60% das empresas não sobrevivem após cinco anos no Brasil, aponta IBGE. https://exame.com/negocios/60-das-empresas-nao-sobrevivem-apos-cinco-anos-no-brasil-aponta-ibge/

[2] IBGE. (2024). Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2022.

[3] Trade. (2025, 11 de agosto). Crescimento de M&A no Brasil em 2025. https://tradecon.com.br/crescimento-de-mea-no-brasil-em-2025/

[4] TrendsCE. (2024, 17 de abril). Empresas familiares no Brasil respondem por 65% do PIB. https://www.trendsce.com.br/2024/04/17/empresas-familiares-no-brasil-respondem-por-65-do-pib/

[5] Renda Maior. (2025, 25 de abril). Estratégias de Saída (Exit Planning) para Empreendedores: Guia Completo. https://rendamaior.com.br/estrategias-de-saida-exit-planning-para-empreendedores-guia-completo/

Comentários


bottom of page