Riscos e Controles Não Podem Andar Desacompanhados.
- Rucelmar Reis
- 27 de mai.
- 3 min de leitura

Em qualquer organização — seja pública, privada ou do terceiro setor — há uma verdade que, quando ignorada, costuma custar caro: Risco e Controle são irmãos siameses. Onde há um, deve obrigatoriamente haver o outro. Separá-los não é apenas um erro conceitual; é um erro operacional, estratégico e, muitas vezes, fatal.
O erro clássico: achar que risco é apenas uma abstração.
Durante muito tempo, riscos foram tratados como elementos teóricos — algo restrito aos papéis dos auditores, consultores ou das reuniões formais do comitê de governança. No entanto, risco é tudo aquilo que pode afetar o atingimento dos objetivos de uma organização. Está presente em cada contrato, em cada operação, em cada decisão e, sobretudo, em cada omissão.
O problema começa quando se acredita que risco pode ser simplesmente mapeado, registrado em uma matriz bonita e, depois, guardado na gaveta. Se isso não estiver diretamente conectado aos controles efetivos e vivos no dia a dia, de nada serve.
Controle sem risco é cego. Risco sem controle é temerário.
Imagine uma empresa que define uma série de controles operacionais, financeiros e tecnológicos, mas não parte da análise dos seus riscos reais. Essa empresa provavelmente vai gastar energia, dinheiro e tempo em controles desnecessários, deixando de proteger o que realmente importa. Controle sem risco é burocracia.
Por outro lado, mapear riscos e não desenhar os controles correspondentes é tão eficiente quanto trancar a porta e deixar a chave na fechadura do lado de fora. Risco sem controle é negligência.
A equação correta: Risco + Controle = Gestão Responsável
Na prática, uma gestão madura entende que:
• Cada risco identificado deve gerar um controle correspondente. Se há risco de fraude no processo de pagamento, o controle pode ser uma conciliação diária, uma segregação de funções ou uma validação por terceiros.
• Cada controle implementado deve mitigar um risco específico. Se existe um checklist no processo logístico, ele não pode existir por tradição ou conforto — precisa estar ligado diretamente à mitigação de um risco operacional real, como a perda de mercadorias ou falha na entrega.
Quando risco e controle caminham juntos, nasce a verdadeira governança preventiva, que protege o negócio, a imagem, os recursos e até a continuidade da operação.
Sinais de que estão andando separados (e isso é um problema)
• Há muitos controles, mas ninguém sabe exatamente que risco eles mitigam.
• Existem mapas de risco sofisticados, mas nenhuma atualização dos processos ou dos controles operacionais.
• O controle interno é visto como “o departamento que cria burocracia”, e não como um aliado da gestão.
• As auditorias apontam sempre as mesmas falhas, ano após ano.
Se não estiverem de mãos dadas, está errado.
Risco sem controle gera insegurança. Controle sem risco gera desperdício. E ambos, quando desconectados, tornam a organização vulnerável — seja a perdas financeiras, seja a fraudes, erros operacionais ou danos à reputação.
Portanto, gestores, controladores, auditores e líderes precisam abandonar a visão de que risco é um problema “do compliance” e que controle é uma responsabilidade “do setor operacional”. É tudo parte do mesmo organismo. Uma organização madura conecta seu mapa de riscos diretamente à sua matriz de controles. Se não estiverem de mãos dadas, está errado — e perigoso.
O caminho é a integração.
O convite, portanto, é claro: rompa os silos. Integre risco, controle e gestão. Transforme a cultura da organização para que todos entendam que controle não é um entrave, mas uma proteção, e que risco não é um problema, mas uma informação estratégica.
Empresas, governos e instituições que aprenderem essa lição sairão na frente. E quem insistir em separar risco de controle, inevitavelmente, aprenderá do jeito mais caro: pela ocorrência do próprio risco não controlado.
Artigo também publicado no LinkedIn.

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